Moradores de Itapuã denunciam córrego como foco de mosquitos

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O elemento que tira o sono dos moradores é um córrego de aproximadamente 500 metros.
 
Embora seja um alívio para os dias de forte calor tão comuns ao verão, a chuva é um fenômeno temido pelos moradores da Travessa Villa Romana. Embora convivam com o transtorno há décadas, os problemas decorrentes das quedas d’águas e dos períodos pós-chuva tem se agravado pelos últimos anos na via, que fica na região de Itapuã e próxima ao Parque de Exposições.
 
O elemento que tira o sono dos moradores é um córrego de aproximadamente 500 metros que atualmente nada mais é, senão um esgoto a céu aberto. Com a chegada das chuvas, o nível da água sobe, transbordando o canal, e invadindo as casas, como relatou o marmorista Jorge Soares, residente há 43 anos da rua. Segundo ele, sempre que há previsão de chuvas, a comunidade entra em estado de atenção. “Muitas pessoas já perderam tudo em apenas uma única manhã de chuva, como as que ocorreram em abril do ano passado”, relatou.
 
O prejuízo material chega a R$ 5 mil, com a perda de mobília, eletrodomésticos, etc., mas Jorge afirma que a depender da casa atingida, este pode chegar a mais de R$ 10 mil. Na incerteza de uma dor de cabeça com as chuvas mais fortes, algumas medidas foram adotadas pelos residentes, como a construção de batentes, ou mesmo de bases de madeira em eletrodomésticos para deixá-los mais altos.
 
Os automóveis, então, são deixados numa ladeira, nas proximidades da via, que, sendo elevada, oferece mais segurança para que os carros e motos não sejam danificados. Ainda assim, nem sempre é possível evitar a invasão da água nas residências, já que esta pode chegar pela tubulação ou através do ralo nos banheiros.
 
Outra medida adotada por eles é a limpeza do córrego, com a retirada de todo tipo de entulho ou resíduo que possa dificultar a passagem da água. “Nós marcamos um dia para fazer um grupo, e, com botas e luvas, entramos nós mesmos no córrego para fazer a limpeza”, explica o decorador Joilson Ferreira, que tem 32 anos morando na Villa Romana.
 
Outro problema destacado pela comunidade e que faz agravarem os transtornos é a falta de uma caixa coletora de lixo pelo local – fator que leva aos moradores a deixaram todo tipo de resíduo na porta das casas.
 
PÓS-CHUVA
 
Passado a chuva, a situação da travessa fica ainda pior. Não bastando a frustração com o prejuízo material, esta se agrava com apenas a picada de um mosquito. Com muitas poças, ao redor do canal, está ali um prato cheio para que o Aedes Aegypti faça sua reprodução. Assim, com a proliferação dos insetos, o resultado é um verdadeiro surto de doenças ligadas ao Aedes, como a dengue, e mais recentemente, a chikungunya e o zika vírus.
 
“Na minha casa, por exemplo, já houve ocasião em que todos da família ficaram adoentados”, relatou Joilson, acrescentando que a quantidade grande de pessoas infectadas com a dengue na comunidade não é mais uma novidade, e se repete todos os anos.
 
Questionados sobre a operação envolvendo militares e agentes de saúde para identificar focos do mosquito nas vias, e dentro das casas, os moradores relatam que esta, até a manhã de ontem (21), não haviam chegado à Villa Romana. Outros animais que se desenvolvem no matagal, são cobras e ratos, não sendo é incomum moradores com leptospirose.
 
Transtornos podem ser minimizados, dizem residentes
 
Segundo os residentes da Travessa Villa Romana, o córrego nasce na região de Mussurunga e desemboca em Piatã. Eles ainda explicam que nem sempre o canal foi um problema para os moradores. “Antigamente era limpo. Quando eu era criança, brincava na água, havia pessoas que pescavam, era muito utilizado pela comunidade”, destacou Jorge Soares.
 
Com o crescimento desordenado, a água foi tornando-se cada vez mais poluída. “Logo após a chuva, assim que bate o sol, sobe um forte odor, é bem desagradável”, explica Jorge. O que provoca a subida de nível da água, segundo os moradores é a manilha pequena, que não comporta a quantidade de água e principalmente de lixo que passa pelo canal.
 
Para os moradores, o que pode minimizar os transtornos, ou evitar novos alagamentos na região é o velamento do córrego. De acordo com o presidente da Associação de Moradores da Travessa Villa Romana, Leandro Cardoso, técnicos de uma empresa terceirizada da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) chegaram a fazer estudos no local em outubro de 2015, onde haviam feito um diagnóstico para o problema com o canal. No entanto, o órgão não fez novos contatos com a comunidade após este estudo.
 
“Já fizeram um estudo similar a este antes, mas também não houve retorno. Infelizmente caímos no esquecimento pelo poder público com freqüência. O que é lamentável, pois precisamos muito dessa obra”, afirma Leandro.
 
Nossa equipe tentou fazer contato com a Conder, ontem, através de sua assessoria de comunicação, no entanto, como o órgão não funciona em dia de domingo, foi solicitado que buscássemos a repartição a partir desta segunda-feira (22), para dar uma resposta mais eficiente aos questionamentos sobre a possibilidade de uma obra na travessa.
 
Fonte: Tribuna da Bahia
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