Domingo é dia de viver Itapuã

itapua
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Domingo é dia de viver Itapuã.
Contemplar, sentir e renovar a áurea itapuãzeira…

Pra isso, nada melhor do que uma caminhada até a Praça Dorival Caymmi.
Hoje é 29 de junho, dia dos pescadores. Tem missa na igreja matriz.

Depois, aquele cafezinho na Padaria Portugal…
E é nesse momento que me pego observando os arredores de um dos pontos mais emblemáticos do bairro:

Cercado por toldos, foodtrucks, barracas de chapa, isopores, carrinhos de cachorro-quente, caldo de cana, banca de revista e mesas de plástico espalhadas pela calçada.

Em 10 minutos, não tem como não cruzar com figuras pitorescas da comunidade:
Tissí, Carlinhos, Mestre Ulisses, Aldenize…
Passa também a galera da caminhada matinal, o guardador de carro, os que tão de virote, o gari, o sindicato, as primas etc.

O sol apareceu e o céu está lindo.
Vou descendo pra ver os coqueirais da orla — mas, de repente, me perco no labirinto visual dos materiais dos pequenos, médios e grandes empreendedores.

Pontos e equipamentos de todos os tipos, cores, arrumações e desarrumações…
Em meio a combos, bandeirolas e até propagandas políticas, as vistas vão se embaralhando.

Em 15 minutos já me vi num turbilhão de sensações.
E, não sei por que, me lembrei do tempo em que comecei a me envolver mais diretamente com a política comunitária.

Naquela época, dizia-se que o prefeito “só maquiava a orla”, enquanto as zonas periféricas pediam socorro.
Hoje, ironicamente, o caos chegou até aqui também.

E dói.

Dói ver um paraíso urbano tentando brilhar no meio do desleixo.
Dói perceber que estamos nos tornando acumuladores: de barracas, entulhos, improvisos e promessas.

É como se Itapuã tivesse virado um porão a céu aberto.

Olhar ao redor e ver gente indo e vindo, sem se dar conta do avanço a conta-gotas desse caos — que poderia, ao menos, ser organizado — é um baque.

Enquanto isso, pessoas em situação de rua se misturam ao vai e vem.
Grupos solidários tentam amenizar o que o poder público não alcança.
E o domingo segue.

Daqui a pouco tem praia, churrasco e cerveja.
Amanhã é segunda… e a vida continua.

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