Jovem de Itapuã sofre racismo no bairro e é aconselhado a não prestar queixa

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Muito mais do que sujar gramados, o racismo mancha a dignidade humana e representa um retrocesso na valorização da diversidade. Dessa vez, a vítima não foi um famoso, mas um jovem morador de Itapuã. Vitor Oliver, de 25 anos, afirma que sofreu provocações por dois homens estrangeiros, quando passava próximo à rua Gildo Pistolado, no último domingo (18).

“Era 21h30 aproximadamente e dois elementos estava parados na frente de um prédio, ao lado do meu trabalho. Um deles ficou olhando pra mim e começou a me chamar de chimpanzé e macaco. Eu comecei a discutir e foi então que ele partiu pra cima de mim para agressão”, afirma.

Ele conta que os três então travaram uma briga onde um dos homens tentou segurá-lo para o outro bater. “Mas consegui me soltar e comecei a trocar soco com os dois”, diz. O embate só parou quando um carro da Polícia do Exército que passava pelo local, percebeu a confusão. No entanto, Vitor afirma que o tratamento da Polícia foi hostil.

“Os caras (policiais) já chegaram me acusando de roubo, falando que eu era ladrão e que estava querendo roubar nas áreas. Eu ainda falei que era morador daqui há muito tempo, e ele (policial) mandando eu calar a minha boca, senão iria levar um tapa e que não tirasse a mão da cabeça também, senão iria levar tapa”, frisa Vitor.

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Vitor Oliver sofreu uma luxação na mão após o ocorrido

O jovem conta que ficou cerca de uma hora em pé, em posição de abordagem policial. Vitor sustenta que os estrangeiros o acusaram de estar portando uma faca. “Me deixaram de cara com a parede e não quiseram me ouvir direito, só quiseram ver o lado dos gringos”, reforça.

Vitor só foi liberado após a chegada da Polícia Militar, que verificou seus documentos e o aconselhou a não prestar queixa. “O policial veio me falar que não adiantaria nada eu prestar uma queixa, pois, seria a minha palavra contra a daqueles dois e que eu poderia ser preso”.

O nativo, que é jogador de futebol americano, sofreu alguns ferimentos e uma luxação na mão. “Me sinto totalmente humilhado, não só por ter sido um ato de racismo, mas também pela forma que fui tratado no meu próprio bairro. Pessoas que me conhecem, estavam passando no momento, me viram com a mão na cabeça e de cara para parede. O negro nesse país não tem vez! É sempre tratado com violência, sem respeito”, completa.

Racismo é crime

Segundo o portal do Governo Federal, há 25 anos, o racismo foi definido na Constituição Federal, pela Lei 7.716/89, como um crime inafiançável e imprescritível no País.
Segundo a lei, não pode ter a punição paga com fiança e não tem tempo de validade.

Algumas capitais possuem telefones para denúncias, caso a prática seja presenciada, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Pernambuco.

Recentemente, o caso do jogador Daniel Alves trouxe o assunto à tona novamente. O atleta jogava pelo Barcelona, no dia 27 de abril, quando, antes de chutar um escanteio, foi surpreendido com uma banana atirada no campo por um torcedor, em rodada do Campeonato Espanhol.

Em seguida, como resposta, Daniel Alves comeu a banana, num ato que desencadeou diversos apoios ao jogador e de combate ao racismo no mundo todo. O torcedor que jogou a banana foi identificado no dia seguinte da partida e teve a carteira de sócio do clube suspensa e foi proibido de entrar no estádio novamente.

Fonte: ItapuãCity

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