Quem transita por Itapuã já teve a oportunidade de ouvir o místico índio, ao som de um alto falante, anunciando a sua milagrosa pomada. Dores de cabeça, de dente, musculares, erupções cutâneas e um sem fim de enfermidades prometem ser curadas após a aplicação do fármaco.
Não se sabe ao certo a real eficácia do produto, porém, pelo tempo que está no ponto da sereia comercializando a pomada, é fácil imaginar que ele tenha uma vasta e fiel clientela. Mas, independente do valor científico do conteúdo vendido, o que podemos afirmar com toda a certeza é que aquele ponto não seria o mesmo sem a presença do índio.
Ele virou uma espécie de personagem folclórico da modernidade, uma figura que mescla o pop ao popular chamando a atenção de quem passa com pressa pela Avenida Dorival Caimmy e mantendo a tradição que Itapuã tem de produzir figuras populares. E isso tudo feito de modo espontâneo, sem grandes produções, mas com toda a atitude e carisma tão característico deste povo.
Então, se há alguma dúvida quanto às propriedades medicinais da pomada do índio, não podemos dizer o mesmo do seu valor cultural. Este é inestimável e retrata bem parte da essência dessa gente.