Justiça seja feita… para todos

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Apesar de não haver distinção de valor entre uma vida humana e outra, na prática essa verdade parece não vigorar como deveria. Na sociedade brasileira, isso fica muito claro quando acompanhamos a resolução dos crimes.

O bairro de Itapuã, infelizmente, foi cenário recentemente de casos policiais de grande repercussão; o mais marcante deles, a morte de um turista espanhol recém chegado à cidade que curtia a noite do bairro quando foi baleado.

Por se tratar de uma vítima estrangeira e que foi morta enquanto praticava o turismo na cidade, o caso rapidamente virou manchete em jornais, sites e blogs não só do estado, como também de visibilidade nacional e internacional. Essa midiatização obrigou os órgãos competentes a responderem de modo enérgico e eficiente. Assim, cerca de uma semana após o ocorrido, os suspeitos já estavam identificados e o caso caminhava para a sua resolução.

Diante desse fato, é inevitável não nos questionarmos: por que outras situações semelhantes não são tratadas com o mesmo profissionalismo e, muitas vezes, determinados crimes levam anos para serem solucionados (quando são)?

Para se ter uma ideia, segundo o Mapa da Violência de 2014, apenas 8% dos crimes cometidos contra os jovens no Brasil foram investigados. Esse mesmo relatório indica que a juventude negra morre quase quatro vezes mais do que a branca. Em contrapartida, os crimes que – geralmente – ganham repercussão midiática e, consequentemente, são investigados, são aqueles cometidos contra brancos.

Ou seja, se não podem afirmar com veemência, esses dados apontam que a cegueira da justiça pode ser, na verdade, um leve problema de visão que a impede de enxergar uma determinada cor.

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