O secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Nelson Pellegrino, disse em entrevista nesta terça-feira (20) que a obra da subestação elevatória que está sendo feita na Lagoa do Abaeté, ponto turístico e religioso de Salvador, que fica no bairro de Itapuã, não oferece “risco zero” para o meio ambiente.
Apesar disso, Pellegrino defendeu a construção e pontuou várias medidas que foram tomadas para que a operação da estação seja segura. A obra tem causado polêmica e revolta por parte de moradores, do povo de santo e estudiosos, por causa do impacto ambiental.
“Nós temos um pulmão que suporta um colapso geral por oito horas. Nós temos avisos sonoros, avisos auditivos. Temos um SMS que é disparado pelo setor de manutenção da Embasa, caso haja algum problema. Portanto, todas as medidas necessárias para que haja uma operação segura foram adotadas pelo governo do estado para a implantação dessa solução. Vários prédios em Salvador, que estão abaixo da cota da rede [de esgoto], fazem isso. O impacto ambiental é muito pequeno”.
“Se me perguntar, há alguma solução que tem risco zero? Não, não existe método 100% seguro. Mas, com certeza, esse método que está sendo implantado lá, em relação a todos os outros, é o mais seguro, mais funcional e o mais fácil de dar manutenção”, disse o secretário Pellegrino.
Ainda segundo o secretário, a solução da subestação elevatória de esgoto foi examinada pela prefeitura, pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema), pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A (Embasa) e até pelo Ministério Público da Bahia (MP-BA).
“Essa solução foi examinada pelo Inema e foi aprovada. Foi examinada pela Prefeitura Municipal de Salvador, que foi quem deu o alvará da obra. Ela foi objeto de apuração por parte do Ministério Público na área ambiental e o Ministério Público deu um parecer favorável à realização da obra. A Embasa estudou a solução e disse que a solução é viável e segura. Nós temos três bombas, duas submersas e uma aparente”.
O engenheiro e mestre em saneamento Silvio Orrico, discorda. Ele avalia ainda que além do impacto ambiental, a subestação elevatória é mais cara que uma solução mais indicada.
“A solução indicada tem um custo de cerca de R$ 80 mil, enquanto a solução da elevatória tem um custo de R$ 300 mil. Ou seja: quase quatro vezes mais. Nessa solução proposta por nós, a solução mais óbvia, é a solução por gravidade, sem custo energético, sem custo operacional e muito fácil de construir”, explicou Silvio.
Protestos
Protesto contra obra na Lagoa do Abaeté — Foto: Arquivo pessoal
Há vários meses, moradores e povo de santo protesta por causa do impacto ambiental da Lagoa do Abaeté. Grupos já fizeram atos no local e caminhadas.
A obra é feita pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) e faz parte de um plano de requalificação da região.
Porém, moradores da região e lideranças religiosas questionam a execução da obra. Eles chamam atenção para possíveis problemas que a estação de esgoto pode desencadear ao meio ambiente.
Uma audiência pública foi realizada no mês passado, e uma comissão foi formada pela Ouvidoria Cidadã da Defensoria Pública do Estado da Bahia (DPE-BA) para acompanhar os impactos ambientais provocados pela construção da estação.
Fonte: G1